Certa vez, fui à determinada loja. Precisava comprar bermudas para a “homarada” aqui de casa. Consultei uma amiga que me disse ter na tal loja a preço acessível.
Fomos até lá: eu, meu marido e meu filho mais velho. Saí do carro primeiro e fui entrando. Era uma loja bem comprida. No começo da loja havia uma balconista atendendo e duas no caixa, bem longe. A loja era quase um corredor.
Dirigi-me até a balconista mais próxima, que solicitamente, disse que ia chamar a outra para me atender. Ela precisou falar alto, tal a distância. Porém, acho que nem precisava chamar, a balconista teria que vir me atender, mas…
Nisso, meu marido e meu filho vinham entrando, duas pessoas bem vestidas aparentemente vistosas… fui em direção à balconista pela loja-corredor. Ela passou por mim, como se eu fosse invisível e se dirigiu aos DOIS que entravam, meu filho e meu marido.
No momento, tive uma das piores sensações da minha vida. Senti-me um nada, um zero, uma coisa. Ela perguntou o que eles queriam. Disseram a ela que estavam comigo. Sem opção, dirigiu-se a mim, tentando remendar a situação, eu prontamente disse: “Não quero ser atendida por você!”
Confesso que disse isso com raiva, com dor, com mágoa, com ressentimento.
Negra, não bem vestida, mas quem estava com o dinheiro para gastar era eu. Não tenho a aparência que dá ibope, mas sou gente, sou sensível, sou consumidora.
A outra balconista, observando a situação, quis me atender, mas disse que não queria mais nada e naquela loja nunca mais entraria.
Entrei no carro, os dois calados. Dentro de mim, a vontade de chorar… chorar… chorar… paramos em frente a outra loja que meu filho já conhecia. Não consegui descer. Fiquei no carro e… desatei a chorar.
Chorei pelas dores que já sofri por preconceito. Chorei pelas dores de quem já sofreu preconceito. Chorei pelas dores de quem ainda sofrerá preconceito.
Chorei pelas pobreza de quem propaga o preconceito. Chorei por quem é preconceituoso. Chorei por quem não luta para exterminar o preconceito.
Chorei… ‘apenasmente’… chorei!
Edeliar Torres Saraiva
ENTREVISTA COM O SR. VICTOR HUGO BORTOLON (AGROPECUARISTA)
PORTAL-TG: HÁ QUANTOS ANOS O SENHOR MORA EM CRUZEIRO DO OESTE?Victor Bortolon: Há mais de 60 anos. PORTAL-TG: QUANTOS FILHOS