Há algum tempo esse texto está no meu coração. Numa manhã, toda sem energia elétrica, ele resolveu nascer. Talvez porque não quisesse ser digitado, mas sim, ser escrito a mão, em um rascunho para dar tempo às palavras de terem vida. Depois, claro, foi digitado.
Na década de 80, com 22 anos, passei em um Concurso Público para ser funcionária de secretaria. Devido à classificação que obtive, pude escolher o Colégio Tamandaré, a uma quadra da minha casa. Foi uma glória!
Depois de três meses trabalhando na secretaria do Tamandaré, recebi uma proposta para dar aula em uma Escola particular em Umuarama. A diretora dessa escola era minha professora de Português no Curso de Letras (Unipar). Por me conhecer como aluna, convidou-me.
E agora? Para ir dar aula na tal escola, eu precisava abrir mão do Concurso de Secretaria que havia acabado de assumir. Para mim, passar nesse concurso foi um sonho e para meus pais, um orgulho!
O que fazer? Não tinha maturidade para decidir. Definitivamente, não tinha!
Eis que alguém se compadeceu do meu dilema e com toda sua experiência como professora de Matemática por longos anos e como diretora do Colégio Tamandaré, me disse:
—Veja bem, eu sei que é difícil para você decidir, mas já está dando aula no Colégio Santa Maria. Deu tudo certo, você não teve problemas. Você quer ser professora? É uma excelente escola, você precisa arriscar.
Ela só disse o que eu tinha dentro de mim e não ousava assumir. Mas o que eu pensava, saindo dos lábios de uma mulher tão sensata, com tanta experiência na área da Educação, tanto com alunos, quanto com professores e funcionários, fez com que eu me decidisse: abandonei o Concurso Público e fui ser professora em Umuarama.
Hoje, tanto tempo depois, posso dizer que alguém me procurou, passando pelo mesmo dilema: escolher entre um Concurso Público e uma escola particular. O que essa pessoa escolheu? Não importa. O que vale é que eu também pude ajudá-la a se decidir. Um Concurso Público é algo muito difícil de abrir mão. Pude, devolver muitos anos depois, o que recebi daquela diretora tão sábia.
Dou graças a Deus pela decisão que tomei! Se me realizei na profissão de professora, Maria Aparecida Moreira, a querida Stabile (In memoriam), tem as “duas mãos e o coração” na minha história.
Foto: Maria Aparecida Moreira, Vivian, Dayse, Andreia e Claudia (as filhas)