“Gostamos muito de estar em contato com pessoas, de trazer novidades para a nossa loja, de ver que o que compramos agradou quem adquiriu o produto, tanto na qualidade, no acabamento quanto na beleza”.
Quando me pediram para falar sobre a nossa história no comércio em Cruzeiro do Oeste, remeti meus pensamentos há décadas vividas e lembranças que estão relacionadas a meus pais Pedro e Francisca, a meus irmãos Sidnei e Sueli e ao Sergio, meu esposo, que administra comigo a nossa loja por quase 20 anos.
Ainda me lembro como se fosse hoje… como surgiu a vocação da minha família pelo comércio. Quando éramos pequenos, meus pais queriam que estudássemos, então nossa família mudou-se para a cidade, meu pai foi trabalhar de vendedor na Casa dos Retalhos. Lembro-me de que eu ou meu irmão levávamos almoço para ele na loja e eu ficava observando os vendedores mostrando os tecidos, conversando com as pessoas. Havia muita alegria quando um amigo chegava para dizer um bom-dia, boa-tarde… conversar um pouco. Esse período ocorreu dos meus oito aos doze anos. Em casa, brincávamos de “comércio”, recortávamos pedaços de papéis e montávamos “caixas” improvisados em cadeiras de madeira e fazíamos vendas de objetos e brinquedos. Era muito divertido.
Meu pai assumiu a gerência da loja e minha mãe, sempre parceira, trocava e maquiava as noivas que compravam os vestidos e os enxovais ali, ficava admirando como elas saiam lindas para o casamento. Esse período foi entre onze e quinze anos. Meus pais iam levar bateria para gerar energia e iluminar a festa dos casamentos na zona rural, era uma cortesia da loja, e nós geralmente íamos juntos, acompanhar a chegada dos noivos no sítio. Era sensacional! Os rojões anunciando a alegria das famílias e do novo casal, o churrasco preparado nas churrasqueiras improvisadas, saladas, arroz e pão. As bebidas para as crianças eram a sodinha ou a tubaína, geralmente sem gelo, mas era deliciosa! Mais tarde, o baile era animado pelos tocadores com suas sanfonas, pandeiros, acompanhado do bolo da noiva, feito pelos familiares, que se reuniam dias antes em mutirão para preparar a festa com muita alegria. Eu gostava de observar os casais dançando animados e de vez em quando alguém gritava: “Viva os noivos! Viva!” Quanta alegria…
Fomos para Rondônia, para tentar abrir nosso próprio negócio, mas não deu certo, seis meses depois, estávamos de volta. Retornamos e não nos faltou trabalho: trabalhei em escritórios de contabilidade, na rede Lojas Tupi, a qual meu pai foi convidado a gerenciar. Aos dezoito anos de idade, consegui trabalho no Banco Bamerindus. Terminei meu curso de Técnico em Contabilidade e por incentivo da minha família e do Sergio (na época havíamos começado a namorar) cursei a Faculdade de Geografia. Trabalhei como professora nos colégios de Cruzeiro do Oeste, mas finalizei minha carreira no Colégio Almirante Tamandaré, onde dei aulas por muitos anos e sempre procurei dar o melhor no serviço que me foi confiado. Valorizo também o concurso público pela estabilidade e pela aposentadoria que graças a Deus, já posso desfrutar.
Abrimos a nossa loja em 26 de março de 1996, com o seguinte propósito: ter uma fonte de renda a mais para auxiliar nas despesas com os estudos dos nossos três filhos: Patrícia, Eduardo e Beatriz. Colocamos antes o nosso sonho no coração de Deus e pedimos em oração que nos abençoasse, veio para nós a promessa Senhor Deus a Noé, nesta palavra tivemos o discernimento: “ARCO-ÍRIS MODAS, o Arco da Aliança, pois a nossa aliança é com o Senhor Deus (Gênesis 9:8-17) e Íris é o sobrenome do meu pai, GLÓRIA A DEUS!!!
Gostamos muito (eu e o Sergio) de estar em contato com pessoas, de trazer novidades para a nossa loja, de ver que o que compramos agradou quem adquiriu o produto, tanto na qualidade, no acabamento quanto na beleza da peça. O nosso negócio faz com que dediquemos muitas horas diárias na administração dos problemas e desafios que todo comerciante enfrenta. Entre acertos e erros, é necessário não perder a esperança e a vontade de retomar o caminho. As mudanças ocorreram rapidamente e não é porque estamos no interior do país que deixamos de acompanhar tais transformações para sobreviver no mercado. No começo, tudo era escrito manualmente, exigia mais tempo com papéis e livros diários, atualmente temos a tecnologia a nosso favor. Todos os produtos são registrados no sistema e já é possível analisar quais produtos estão em falta, tamanho e numeração, através de uma pesquisa no computador. Devido ao interesse capitalista de vender continuamente e obter lucros, temos que estar atentos ao lançamento de novos produtos.
Uma roupa que é lançada no verão deste ano, já não será vendável no próximo verão, pois as tendências de cores, estampas e tecidos, por exemplo, serão outras, com exceção de peças clássicas, seguindo o mercado internacional europeu e norte-americano, que estão sempre uma estação a nossa frente, pois quando aqui é calor, acima do Equador faz frio.
A importância de colaboradoras com disposição e amor no que fazem é fundamental. Temos que ser felizes no nosso trabalho, gostar de pessoas, olhar cada ser com olhar de Deus, independente do nível social a que pertença, ou se vem a nós para conversar, tomar um cafezinho ou procurar algum produto. Graças a Deus conseguimos dialogar muito com as nossas colaboradoras orientando o perfil que queremos para nossa loja e hoje temos conosco pessoas que são preciosas para o bom funcionamento do Estabelecimento. O reconhecimento dos seus talentos é muito importante, bem como cumprir com os direitos trabalhistas, não porque a lei exige, mas sim porque é direito e dever para com aqueles que nos ajudam na construção dos nossos propósitos. É importante orientar que leiam sobre as tendências atuais, sobre os tipos de produtos e suas características, assim estarão mais capacitadas para atender as pessoas. Muitas vezes a pessoa tem boa vontade, mas não recebe treinamento ou orientação de como acolher e atender bem os clientes que entram no Estabelecimento. Existe uma grande diferença entre um bom vendedor e um entregador de mercadoria. Muitas vezes o atendente só mostra o produto que o cliente veio procurar, quando não o encontra, ele vai embora; este é o entregador de mercadorias. Para que um produto seja vendido, temos que conhecê-lo; portanto, o bom vendedor irá mostrar as opções que tem, o que combina com o estilo do cliente, quais são as suas características, mostrar os acessórios que combinam com tal produto, as novidades que chegaram, enfim, ajudar a pessoa a encontrar algo que lhe agrade e que verdadeiramente ficou bem no corpo. A pior coisa que pode nos acontecer é provarmos uma roupa que não assentou em nós e a atendente dizer que “ficou lindo”. Achamos muito importante ouvir as nossas colaboradoras sobre o que pode ser melhorado, o que não agradou ou não vestiu bem nas pessoas, pois elas estão em contato direto com os clientes, portanto, identificando as necessidades de mudanças, conseguimos direcionar as compras para evitar prejuízos futuros.
Apesar de toda esta luta diária e o gosto que temos pelo comércio, comprar e vender para nós é uma vocação, não queremos colocar os bens materiais em primeiro plano. Na maioria dos treinamentos para empreendedores, nos cursos de motivação, entre outros relacionados ao comércio, fala-se muito em custos, lucros, construir e montar esquemas para aumentar nossa renda e o acúmulo de bens que simbolizam uma imagem de pessoa vitoriosa. Mas ser homens e mulheres de oração, colocar nossos propósitos no coração de Deus, ler e testemunhar seus ensinamentos nos nossos negócios, sem passar nossos irmãos para trás, isso nunca ouvimos num curso de empreendedor. Atualmente é comprometedor a pessoa se apresentar como um cristão autêntico. Aqueles que cultivam somente uma boa imagem pessoal o intitularão de alienado, fora do contexto capitalista atual.
Devemos ser dinâmicos e ativos, procurar ter uma vida confortável com os frutos do nosso trabalho, sabemos que os bens são necessários e que o Senhor Jesus se agrada com o trabalho de cada dia, com os talentos que confiou a cada um de nós. Busquemos diariamente estar em comunhão com o Senhor, sempre lutando para que o orgulho e a autossuficiência não cresçam no nosso coração, mas que Ele nos ilumine e conduza para que com toda sinceridade e simplicidade possamos amar o próximo e ver em cada pessoa que entrar em nossa loja, um filho de Deus. Afinal, o que levamos dessa vida tão breve nesta terra? Pedimos a Deus todos os dias pela manhã que o Senhor Jesus envie seu Espírito Santo sobre nós e nossos filhos para que tenhamos sabedoria para resolver as coisas, ser mansos com quem é manso e que nos dê discernimento com quem é astuto, pois neste mundo, infelizmente, muitos são movidos pelo inimigo de Deus e tentam levar vantagens sobre o próximo, especialmente no comércio. Fazemos a oração da armadura do Cristão (Efésios 6,10-20). Ai de nós se não tivéssemos o Senhor a frente de tudo, pois se não ganharmos o que temos com honestidade, trabalho e consideração ao próximo, estaremos perdendo nossa breve oportunidade de viver o que ouvimos e proclamamos no Templo e perderemos a verdadeira vida e a esperança de contemplar o Senhor face a face na vida eterna. Paz e Bem.
Cirlene de Fátima Íris dos Santos e Sergio Santos
Foto: Cirlene, Sérgio, Beatriz, Eduardo e Patricia