Cruzeiro do Oeste é meu “Recanto feliz do Paraná”, cidade que acolheu meus avós, meus pais e fez parte da minha formação, acompanhando meu crescimento em estatura, minha construção intelectual e de caráter. No tempo em que vivi em Cruzeiro do Oeste, pude vivenciar a experiência pacata do interior em um “berço de amor e amizade”, pois de 1987 a 2006 cresci, estudei, sonhei, realizei-me, decepcionei-me e imaginei me maior que os limites que o município pôde alcançar. A minha infância foi marcada pelos colégios em que estudei e pelo ambiente de trabalho dos meus pais, onde convivi com o “povo varonil” que era responsável por dar vida à cidade.
Comecei meus estudos na Escola Emiliano Perneta, onde em meio a grande humildade e amor, cursei o meu pré II. Aos 6 anos de idade, ingressei no Educandário Nossa Senhora de Fátima e tenho orgulho em dizer que tive uma grande formação, proporcionada por ótimos professores e orientada pelas irmãs responsáveis pelo colégio. Ali fiz inúmeras amizades, que carrego no peito e tenho contato até hoje.
O Colégio Estadual Cruzeiro do Oeste marcou muito esse período, pois embora não tenha estudado lá, sempre acompanhei minha mãe em atividades extracurriculares e pude vivenciar um ambiente de familiaridade vivida pelos professores e funcionários. Nessa época, meu pai trabalhava no já extinto Banestado e embora atarefado por uma rotina estafante de bancário, tinha tempo para jogar futebol com os colegas de trabalho na chácara do Banestado, onde nós vivenciávamos momentos de descontração.
A infância inocente foi chegando ao fim e dando espaço para a adolescência. Nessa parte da minha vida, lembro-me das histórias contadas pelo meu pai em que ele retratava Cruzeiro do Oeste com uma “beleza singular”, de uma cidade embrionária com “riquezas mil” serem exploradas e eu tinha certeza de que “terra mais linda não havia”. Nos momentos em que não estava em atividades escolares, meu pai e eu nos dedicávamos aos nossos “campos verdejantes”, o nosso sítio. Essa atividade foi motivo de ensinamentos, pois o amor ao que nos dispúnhamos a fazer, fez parte da minha formação como homem. A busca incessante de meus pais por um ensino educacional cada vez melhor, foi motivo do início do meu desligamento de Cruzeiro do Oeste, pois com 15 anos íamos e voltávamos todos os dias de Umuarama para cursar o ensino médio.
A pacata cidade de Cruzeiro do Oeste foi uma “sentinela que não teve o progresso” que todos nós esperávamos e por isso meu sonho era cursar Odontologia na Universidade Estadual de Maringá. Meu esforço nos estudos foi recompensado com a aprovação tão desejada e em meio de tanta felicidade havia tristeza e incertezas diante a separação entre minha família e eu. O primeiro contato com uma cidade maior foi assustador, pois me sentia sozinho sem meus pais e sem o convívio de uma cidade pacata, mas meus objetivos de vida foram maiores e a saudosa Universidade Estadual de Maringá me proporcionou conhecimentos de valor imensurável em minha graduação e mestrado. Maringá já estava em meu coração, quando o cirurgião dentista quis desbravar o mundo profissional já iniciado pelos meus irmãos em Naviraí, no Mato Grosso do Sul.
Naviraí me proporciona o que almejo como profissional, exercer o meu ofício com qualidade para ter os melhores resultados possíveis. Como eu amo o que faço e o que me disponho a fazer, tenho imenso orgulho em fazer parte do povo naviraiense, pois como eu, muitos deles deixaram sua cidade natal em busca de crescer profissionalmente junto com o crescimento da cidade.
Cruzeiro do Oeste continua em meu coração, mas hoje é apenas motivo de saudosismo, pois minhas visitas à casa dos meus pais, embora intensas em sentimentos, são curtas em espaço de tempo.
João Paulo Guilherme Lima – Odontologia
Naviraí-MS